quinta-feira, 25 de maio de 2017

Sophia de Mello Breyner Andresen.

Resultado de imagem para sophia de mello breynerSophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto no dia 6 de novembro de 1919 e faleceu em Lisboa no dia 2 de julho de 2004. Foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1998. O seu corpo está no Panteão Nacional desde 2014 e tem uma biblioteca com o seu nome em Loulé
De modo geral, o universo temático da Autora é abrangente e pode ser representado pelos seguintes pontos resumidos:
  • A busca da justiça, do equilíbrio, da harmonia e a exigência do moral;
  • Tomada de consciência do tempo em que vivemos;
  • A Natureza e o Mar – espaços eufóricos e referenciais para qualquer ser humano;
  • O tema da casa;
  • Amor;
  • Vida em oposição à morte;
  • Memória da infância;
  • Valores da antiguidade clássica, naturalismo helénico;
  • Idealismo e individualismo ao nível psicológico;
  • O poeta como pastor do absoluto;
  • O humanismo cristão;
  • A crença em valores messiânicos e sebastianistas;
  • Separação.

Em todos os jardins.

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como um beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

O tema deste poema é a Natureza e a morte. O sujeito poético deseja unir-se á natureza e regressar ás suas origens após a sua morte. 

Terror de te amar.
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas. 

Este poema fala sobre amor. Aqui o sujeito poético exprime a incerteza do ser humano em relação ao amor mostrando também a sua fragilidade em relação as causas da ruptura do amor. O sujeito deseja, também, que esse amor  fosse vivido apenas pelos dois. 

Os Amigos.
Voltar ali onde
A verde rebentação da vaga
A espuma o nevoeiro o horizonte a praia
Guardam intacta a impetuosa
Juventude antiga -
Mas como sem os amigos
Sem a partilha o abraço a comunhão
Respirar o cheiro a alga da maresia
E colher a estrela do mar em minha mão.

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