O Doido e a Morte.
- Resumo: O Governador Civil, Baltazar Moscoso, dramaturgo frustrado, tenta escrever mais uma das suas peças. O contínuo Nunes avisa-o de que o Senhor Milhões o vem visitar com uma carta de recomendação do ministro. Ao ser recebido, o Senhor Milhões liga a campainha elétrica da secretária a uma caixa que transporta consigo. Em seguida, o milionário comunica que acaba de ativar uma bomba, que rebentará daí a vinte minutos. Desesperado, o Governador Civil vê-se abandonado por todos, inclusive pela sua mulher, D.Ana. Indiferente à aflição de Moscoso, o senhor Milhões faz a critica demolidora das convenções sociais e a defesa de um sentido último para a Vida. O próprio Governados Civil admite ter sido a sua uma mentira. E, na iminência da explosão, chegam dois enfermeiros, que vêm buscar o Senhor Milhões, o doido. Afinal, a bomba era apenas algodão em rama e não o temido peróxido de azoto, o que leva o Governador Civil a soltar um palavrão entre a raiva e o alivio.
- Milhões: Homem consciente da realidade e da condição humana.
- Governador Civil: Homem inconsciente e preocupado com o estatuto social e o talento.
- Aninhas: Demonstra a emancipação da mulher.
- Nunes: Espécie de policia- secretário-criado.
- Figurantes: Dois enfermeiros.
- Relação entre as personagens:
- Relação entre o Sr. Milhões e o Governador Civil: No inicio do texto drámatico, o Governador Civil admirava o Sr.Milhões, devido a ele ser o "Homem mais rico de Portugal" (linha-33). Com o passar do tempo, o Governador Civil acabou por perceber que o Sr.Milhões não passava de um mero tolo ( "Ó Nunes, ele está doido" - linha 94 ; "O senhor é tolo!" - linha 129; 257;) , acabando por lhe ganhar ódio ("O senhor é cruel" - 360; "O senhor é pior que um inquisitor" - linha 367) , pois sem motivo nenhum este o escolheu para morrer - ("Ao senhor escolhi-o para morrer comigo" - linha 74). Com isto o Governador ficou angustiado, preocupado e nervoso ("Ai jesus! ai jesus! ai jesus!" - linha 113)Pelo contrário o Sr. Milhões manteve a calma, e a sua boa disposição, ao longo de toda peça. Ele acaba por justificar os seus atos por se considerar um Imperador, um Rei, um Deus - (" Eu sou imperador, sou Rei, sou Deus! Posso á vontade aniquiliar o universo" linha 108/109). E que ao trazer a morte acaba com as maldades da Terra. (" Eu sou eu, sou um amigo da humanidade. É um gesto meu desaparece a desgraça da face da Terra, acabam os crimes, as misérias e as paixões")."Quando eu tocar nesta campainha arraso com tudo. O peróxido de azote é a maior invenção deste século. Basta carregar aqui com o dedo... Mas nós ainda não nos explicámos. Temos tempo." Linha 68-72;
- Relação entre o Governador Civil e Aninhas: O governador civil lembra-se de chamar a sua mulher, para ver se ela ainda o consegue salvar. Mas quando a mulher chega e se confronta com a situação, ela mostra um desinteresse para com o marido, e só pensa na sua própria salvação.Daí quando a sua mulher foge para não morrer queimada, o Sr.Milhoes aproveita logo para rebaixar as mulheres ("Aí têm o senhor o que são as mulheres, a sua e as dos outros." - linha 233). Mas o governador não quer morrer com um desgosto de amor, por isso pede-lhe para não lhe tirar as ultimas ilusões que tinha da mulher.
- Estrutura Interna:
- Exposição: Linha 1-36;
- Conflito: Linha 37- 404;
- Desenlace: Linha 405-413;
- Cómico de Situação: nesta obra o cómico de situação aparece pela situação em que o Governador Civil se encontra. O Sr.Milhões afirma que tem uma bomba irá explodir dentro de 20 minutos, causando o pânico no Governador Civil, o que causa o riso no público. Outra situação onde se encontra este processo de cómico é quando entra Aninhas, a mulher do Governador Civil. Ao ver a situação onde o seu marido se encontra, decide abandoná-lo, referindo "Morrer queimada, não!". A atitude desta personagem causa o riso.
- Cómico de Linguagem: por exemplo, a última frase da obra é "Ai o grande filho da puta!" que causa o riso. A utilização de palavras obscenas é uma das características do cómico de linguagem.
- Existencialismo: No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. O ser humano está submerso nas condições da sua existência. O ser humano confronta-se com o problema da morte, do sentido da sua existência e do destino da sua alma. É na morte que o individuo se confronta com a sua própria condição humana.
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