
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpura a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpura a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
- Análise do poema:

O poema pode dividir-se em 3 partes lógicas: a primeira quadra corresponde a uma introdução, que nos apresenta o texto como uma aguarela (palavra chave) representativa de um ''pic-nic de burguesas'' em que houve ''uma coisa simplesmente bela''; a segunda e terceira quadras descrevem o pic-nic; finalmente a quarta estrofe iniciada pela conjunção coordenativa adversativa ''mas'' corresponde á conclusão, na qual o sujeito poético faz referência à memória mais grata daquele acontecimento ''o supremo encanto'' que ficou daquela merenda: '' o ramalhete rubro das papoulas''.
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