É uma colectânea de poesias escritas por Almeida Garrett e publicada na fase final da sua vida, em Abril de 1853, um ano antes de morrer, em 9 de dezembro de 1854. Segundo diversos estudiosos, Garrett escreve a obra como forma de demonstrar seu amor a Rosa Montufar (a viscondessa da Luz).
São inúmeras as marcas românticas presentes nos poemas desta colectânea: a)Tratamento do tema dicotomia amor/paixão; b)Confessionalismo literário; c)Defesa do mito de Rousseau do bom selvagem – crença na corrupção inerente ao homem social que se opõe à sua bondade inata;
d) Apologia da liberdade de sentir/amar sem quaisquer constrangimentos sociais – ex: o casamento; e) Dicotomia mulher-anjo / mulher fatal; f) Concepção de amor como força avassaladora, tirana e irracional; g) Presença de alguns temas e formas populares – ex: a pesca; utilização da quadra (quatro versos numa estrofe) e da redondilha maior e menor (sete e cinco sílabas métricas).
A linguagem do autor é simples, por vezes coloquial e familiar, não sendo, no entanto, vulgar ou descuidada. O estilo é hiperbólico, exclamativo, socorrendo-se de inúmeros artifícios como:
- Metáfora – Pescador da barca bela / onde vais pescar com ela…-;
- Interrogação rétorica– Anjo és tu ou és mulher?-;
- Adjetivação expressiva - e só te quero / de um querer bruto e fero / que não chega ao coração…;
- Antitese – Não te amo, quero-te!
- Exclamação – Olha bem estes sítios queridos! / vê-os bem neste olhar derradeiro!…;
- Personificação – olha o verde do triste pinheiro, entre muitos outros.
Garrett assume-se nesta obra como uma personagem que dialoga (apesar de a presença do interlocutor estar apenas subentendida), dirigindo palavras de doce amor ou raiva e desespero ao objecto do seu amor/paixão, ou ainda dando conselhos a um tu que está a iniciar-se na aventura do amor.
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Folhas_Ca%C3%ADdas