Um Auto de Gil Vicente escrito entre 11 de junho e 10 de julho em 1838. Marcou a sua opção por uma dramaturgia nacional de inspiração romântica que, anos mais tarde, teria a sua mais elevada realização artística em Frei Luís de Sousa. Um Auto de Gil Vicente é um drama histórico, em três atos, com a ação a decorrer na corte de D.Manuel para celebrar a partida da Infanta D. Beatriz para Saboia, onde casaria com Carlos III. Gil Vicente prepara a representação da peça Cortes de Júpiter e é em torno deste acontecimento que se desenrola a trama, insinuando os amores de Bernardim Ribeiro e da Infanta D. Beatriz.
A peça estreou-se a 15 de Agosto do mesmo ano mas só em 1841 é que foi publicada. A obra apresenta figuras históricas em momentos de grandeza espiritual.
Garrett, o autor da obra, na 1ª edição da peça juntou a declaração: " [...] Eu não quis só fazer um drama, mas sim um drama de outro drama e ressuscitar Gil Vicente a ver se ressuscitava o teatro".
A ação decorre na corte de D. Manuel, tendo como polos de atuação a figura de Gil Vicente e a de Bernardim Ribeiro.
As personagens constituem três grupos:
- As que têm conhecimento do amor entre Bernardim Ribeiro e a Infanta D. Beatriz (que é o caso de Paula, Pêro Sáfio e D. Manuel);
- As que suspeitam (que é o caso dos embaixadores italianos);
- As que ignoram (que é o caso do resto das personagens).
As personagens que fazem parte desta peça são:
- D. Manuel;
- Infanta D. Beatriz;
- Bernardim Ribeiro;
- Gil Vicente;
- Pêro Sáfio;
- Paula Vicente;
- Conde de Vila Nova;
- Garcia de Resende;
- Barão de Saint- Germain;
- Dr. Jofre Passeiro;
- Chatel;
- Bispo de Targa;
- Mordomo-mor do rei D. Manuel;
- Um Pajem;
- Dona Inês de Melo;
- Joana do Taco.
Paula Vicente favorece os encontros clandestinos entre o poeta Bernardim Ribeiro e D. Beatriz. Acontece que, Paula Vicente também está apaixonada pelo poeta, mas este amor não é correspondido. Beatriz depende desta sua confidente, a única testemunha do momento de sofrimento por que está a passar. Bernardim é caracterizado como poeta e louco. Esta apaixonado pela Infanta a quem dedica o seu livro Saudades. Em termos de desenlace não há qualquer alteração à situação que se explicitara inicialmente. Perante esta realidade, o desejo de morte como libertação para o "mal de amor" é expresso pelos amantes e sublinhado pelos sucessivos desmaios de Beatriz.
As referências a aspetos históricos e culturais aparecem ao longo do texto e pintam uma moldura histórica.
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