quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O Romantismo.

Resultado de imagem para RomantismoO romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
As origens do movimento são de diversa natureza, podendo falar-se de origens sociais, politicas, filosóficas e literárias. 
  • Origens Sociais: o desenvolvimento de um novo gosto, diferente do gosto clássico, prende-se ao desenvolvimento da burguesia e ao aumento do número de leitores de origem burguesa.
  • Origens Politicas: paralelamente às transformações sociais, ocorreram transformações politicas no sentido da construção de regimes mais democráticos, em Inglaterra( Revolução Inglesa de 1688) e na França- Revolução Francesa, surgida no final do século XVIII- uma revolução em que se deu grande importância ao Homem, ao individuo à liberdade, à igualdade e fraternidade entre os cidadãos. Ao entusiasmo revolucionário de cariz liberal suceder-se-ia, no entanto, o desencanto perante as promessas não cumpridas, como foi o caso de muitos românticos europeus, como Almeida Garrett.
  • Origens Filosóficas: prendem-se com o desenvolvimento das filosofias idealistas na Alemanha, com Fichte e Kant.
  • Origens Literárias: os romantismos europeus vão entroncar nos pré-românticos e, em especial, no movimento alemão do "Sturm und Drang'' (Tempestade e Ímpeto).
O Romantismo significou uma rotura, uma oposição ao Classicismo. O Romantismo aboliu a noção de géneros rígidos dos Clássicos; mas, em compensação, criou géneros novos, mistos:

  • no domínio narrativo: o romance histórico(misto de História e de ficção; o romance psicológico(misto de psicologia e de ficção); o romance contemporâneo, de costumes( misto de sociologia e de ficção.)
  • no domínio da poesia, do lirismo: a poesia intimista, a poesia filosófica e a metafisica e, sobretudo, o poema em prosa.
  • no domínio dramático: a tragédia e a comédia clássicas foram substituídas pelo drama, misto de sublime e de grotesco.
Substitui a natureza e a paisagem clássicas, feitas de harmonia e luz, pela natureza romântica, feita da noite, do luar, do pôr do sol, do outono, da tempestade, do mar em revolta, do bosque sombrio, das ruínas medievais- uma natureza dinâmica e não estática, como era a natureza clássica.
Inovou a linguagem e o estilo. Apostou numa linguagem coloquial, simples, um estilo digressivo e solto, com mistura de níveis de língua, com enriquecimento lexical nos domínios da introdução de neologismos e estrangeirismos, e um notório enriquecimento nos domínios da adjectivação e da metáfora.
O Romantismo em Portugal.
Iniciou-se com Almeida Garrett, em 1825. Durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865. A primeira geração do romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Os principais autores são Almeida GarrettAlexandre HerculanoAntônio Feliciano de Castilho. A segunda geração, de 1840 a 1860, tem como principais autores, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. A terceira geração, pré-realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais autores Júlio Dinis e João de Deus.
Na temática da poesia e da ficção, a par do amor platónico, aspiração à mulher-anjo abundam os sentimentos fortes, carregados- ciúme, vingança, desespero- a exigirem o estilo exclamativo. O Romantismo constitui uma tomada de consciência, a conquista dum senso crítico novo aplicado aos fenómenos da cultura. Começa-se a relacionar o Homem com o meio a que pertence, a época de que é produto. 

Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo#Romantismo_em_Portugal
CARDOSO, Elsa e SILVA, Pedro, 2016, Viagens Literatura Portuguesa 11º ano, Porto: Porto Editora.

O Contexto Político e Social do Romantismo Português

O nosso movimento romântico surgiu no contexto das lutas liberais que, a partir de 1820, constituíram o acontecimento que marcou definitivamente a nossa História política e social do século XIX e o ponto de viragem para a modernidade.
O eco das ideias da Revolução Francesa chegara já aos nossos pré-românticos, deixando marcas na sua poesia, principalmente, na poesia e vivências da Marquesa de Alorna e Bocage.
Posteriormente, na sequência das Invasões Francesas, de 1807-1810, as ideias liberais começaram a difundir-se e a ganhar adeptos.
Em 1820, deu-se uma revolta militar no Porto, revolta de carácter liberal, que levou a eleições para as Cortes no ano seguinte e que faz regressar o rei a Portugal. Em 1822 é jurada em Lisboa a 1ª Constituição liberal. Nesse mesmo ano, o herdeiro real, D.Pedro IV proclama a independência da colónia brasileira, de que se tornou Imperador com o nome de Pedro I.

Em 1823, eclode a Vila-Francada, movimento militar reaccionário, liderado pelo Infante D.Miguel, irmão  de D.Pedro. D.Miguel, vitorioso do golpe, suspende, então, a Constituição e encerra as Cortes. Em 1824, o mesmo D.Miguel lidera novo movimento reacionário, destinado a destituir seu pai, D.João VI. 
É a altura de D. Pedro, herdeiro legítimo do trono de Portugal, renunciar ao seu título de Imperador do Brasil e vir para Portugal. Como esta era ainda menor, D. Miguel é designado regente, tendo jurado a Carta Constitucional, que o seu irmão outorgara. Pouco depois, porém, dissolveu as Cortes e fez-se nomear como rei absoluto; na sequência, novas perseguições aos liberais. Inicia-se então uma Guerra Civil, opondo absolutistas, sob comando de D. Miguel e apoiados pela Igreja e liberais, liberados por D. Pedro. A guerra prolonga-se por três anos, deixando profundas feridas entre os que a fizeram e a sofreram.
Não foi fácil, porém, o período que se seguiu, nomeadamente com as lutas politicas havidas entre os defensores da Carta Constitucional. 
No entanto, era já o final do Antigo Regime e a vitória dos novos tempos, marcados pelo poder da burguesia liberal vitoriosa. Importantes medidas foram tomadas, como a abolição dos morgadios e dos direitos senhoriais, o confisco dos bens da Igreja e a extinção das ordens religiosas.
A partir de 1851, teve lugar um movimento militar anticabralista, liderado pelo Duque de Saldanha, e incentivado por algumas grandes personalidades liberais, como Alexandre Herculano, em cuja casa, de resto, a revolução foi preparada.
Foi justamente no contexto das lutas liberais e pela consolidação da revolução liberal que se desenvolveu entre nós o Romantismo que nasceu em parte no exílio, com a chamada geração dos Românticos Vintistas.

Fonte: CARDOSO, Elsa e SILVA, Pedro, 2016, Viagens Literatura Portuguesa 11º ano, Porto: Porto Editora.

Almeida Garrett

João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de fevereiro de 1799 e faleceu em Lisboa a 9 de dezembro de 1854. Foi um escritor  dramaturgo românticooradorpar do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

Almeida Garrett pode definir-se como o escritor que representa um tempo que é sobretudo de transição, entre um Neoclassicismo com marcas visíveis do pensamento iluminista e um Romantismo que Garrett tratou de difundir entre nós.
Tal como acontece com outros escritores da nossa Literatura (Camões e Bocage, por exemplo), Garrett constitui uma personalidade já de si com uma dimensão verdadeiramente literária, no sentido em que é dotado de uma contextura psicológica peculiar.
Garrett convida a uma espécie de fusão entre a representação literária de temas e atitudes românticas e a vivência, no quotidiano, desses temas e atitudes – ainda que eventualmente seja difícil distinguir o que nela existe de autêntico do que é encenado.
O carácter multiforme da psicologia garrettiana muito tem que ver com uma vida literária que se desenrola sob o signo da mudança: o Neoclassicismo ao Romantismo, Garrett experimente soluções experimenta soluções estéticas inovadoras, sem nunca postergar por inteiro, é bom notar, a lição neoclássica que fora da sua formação.

O Garrett romântico manifesta-se seduzido pelos valores do Romantismo, o jovem poeta exilado fixa no prólogo do Camões princípios que regem uma criação literária dominada por procedimentos tipicamente românticos: a altiva consciência da inovação, a rejeição das regras, o primado do sentimento, o culto da independência, nos planos estéticos e político.   
Fontes: 
CARDOSO, Elsa e SILVA, Pedro, 2016, Viagens Literatura Portuguesa 11º ano, Porto: Porto Editora.