quarta-feira, 8 de junho de 2016

Magro, de olhos azuis, carão moreno.

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.


Análise:
Esta composição poética é um soneto pois apresenta duas quadras e dois tercetos. O esquema rimático é: abba/ abba/ cdc/ dcd. A rima é emparelhada, interpolada e cruzada. 
Estrutura interna: Na primeira quadra o sujeito poético faz a sua descrição fisica e na segunda quadra e no primeiro terceto faz o seu retrato psicológico. No segundo terceto o sujeito poético revela a sua identidade ( ''Eis Bocage'') e a razão de estar a escrever este poema. 

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