- Título e Subtítulo
Amor de Perdição
tem como subtítulo Memórias de uma
família. De facto, o autor narra episódios da família Correia Botelho, ou
seja, muitas das situações vividas pelo escritor e pela sua própria família. Os
seus fundamentos são históricos, embora não se possa determinar com exatidão até
onde vai a verdade histórica e onde começa a fantasia. Simão Botelho existiu na
realidade. Por detrás dele, tio de Camilo, o próprio escritor apaixonado e
desequilibrado.
- Espaço e tempo
O
espaço físico, em Amor de Perdição,
conhece um afunilamento progressivo à medida que a acção trágica se encaminha
para o seu clímax e, posteriormente, para o desenlace final. Assim, de um
espaço amplo exterior onde as personagens evoluem livremente, passa-se para um
espaço fechado e reduzido onde as personagens são encarceradas. Este espaço
reduzido simboliza a prisão da própria vida, visto que estão enclausuradas na
dimensão da própria tragédia.
O tempo da obra é
caracterizado como diegético. Na introdução, abarcam-se 40 anos, são os
antepassados de Simão.
A acção decorre em 6 anos
(1801 - 1807):
· 1801, Domingos Botelho
corregedor em Viseu, Simão tem 15 anos.
· 1803, Teresa escreve uma
carta a Simão, revelando as intenções de seu pai de a enviar para um convento.
· 1804, Simão é preso.
· Prisão de Simão de 1805 a
1807. Antes de embarcar para o degredo, fica 20 meses na prisão.
· 17/3/1807, Simão parte
para a Índia.
· 28/3/1807, ao romper da
manhã, Simão morre.
· tempo do discurso (forma
como o narrador elabore o seu relato).
O narrador segue a
cronologia acima apresentada, narrando de forma cronológica os acontecimentos.
- Linguagem, estilo e estrutura da obra
O livro de Camilo é rico em cartas entre Simão e Teresa. O discurso
epistolar contém uma linguagem emotiva, apelativa, exclamativa e expressiva. As
cartas têm frequentemente frases curtas e vocativos, como “Não receies nada por
mim, Simão.”
O livro também é rico em diálogos e adjetivos. Os adjetivos estão presentes
em todas as fases do romance: “faca pavorosa”, “luz mortiça da lâmpada”, “amor
discreto e cauteloso”.
A frase “Amou, perdeu-se e
morreu amando” pode ser utilizada para sintetizar a obra Amor de Perdição da seguinte maneira: “Amou” representa a
introdução da obra, onde faz referência a dados biográficos do Camilo e a apresentação
global do infortúnio de Simão Botelho. “perdeu-se”, correspondendo ao
desenvolvimento da obra que vai do capítulo I até ao capítulo XX. Ocorrem
vários factos como a paixão entre Teresa e Simão. Por fim, “morreu amando”,
reenvia para o desfecho da obra com a morte trágica de Simão e o suicido de
Mariana.
- Narrador e Narratário.
Podemos caracterizar o
narrador como heterodiegéitico, é apenas considerado narrador e não personagens
pois este não participa na ação acabando por recorrer á terceira pessoa
gramatical. É omnisciente pois tem conhecimento de tudo o que se passa com a
história e com as personagens.