terça-feira, 31 de maio de 2016

Bocage

Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage nasceu em Setúbal a 15 de setembro de 1765 e faleceu em Lisboa a 21 de dezembro de 1805. Foi um poeta português e uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que teve uma forte presença na literatura portuguesa do século XIX.
Bocage num dos seus poemas faz uma descrição de si próprio, ou seja um autorretrato:
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.


Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage

Fernão Mendes Pinto e a Peregrinação

Ficheiro:Fernao Mendes Pinto.jpgFernão Mendes Pinto nasceu em Montemor-o-Velho, cerca de 1510. Foi um explorador e aventureiro português. Começou a escrever a Peregrinação em 1569 e terminou em 1578 mas só foi publicada em 1614. 
A obra é de um género híbrido. Fernão Mendes Pinto faz o seu relato sobre a viagem/aventura no oriente. Muitos dizem que o que Fernão Mendes Pinto escreveu era mentira mas este só escreveu o que os seus olhos viam. Mais recentemente veio-se a confirmar que tudo o que este escreveu afinal é verdade. 
Comparada com Os Lusíadas, a Peregrinação apresenta um estilo anti-épico. O herói é o mesmo( povo português), mas comparada com a obra de Camões, a obra de Fernão Mendes Pinto apresenta que uma décima de elogio e nove de critica. A obra de Camões apresenta apenas uma décima de critica( nas reflexões do poeta e no Velho do Restelo) e nove de elogio ao povo português( pois é uma epopeia o que significa que serve para glorificar os feitos de um herói). 
A Peregrinação tem sido lida, não só como um livro de história, mas também como um romance. Podemos dizer que a obra tem sido tudo e ao mesmo tempo nada.
A obra é escrita na primeira pessoa, podemos observar isso nas marcas de primeira pessoa. Está dividida em 6 partes com um total de 226 capítulos. 
A Peregrinação também pode ser considerada como uma caminhada espiritual que Fernão Mendes Pinto descreve. 




Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Mendes_Pinto

Na fonte está Leanor

Mote
Na fonte está Lianor
Lavando a talha e chorando,
Às amigas perguntando:
- Vistes lá o meu amor?

Voltas
Posto o pensamento nele,
Porque a tudo o amor obriga,
Cantava, mas a cantiga
Eram suspiros por ele.
Nisto estava Lianor
O seu desejo enganando,
Às amigas perguntando:
- Vistes lá o meu amor?

O rosto sobre ua mão,
Os olhos no chão pregados,
Que, do chorar já cansados,
Algum descanso lhe dão.
Desta sorte Lianor
Suspende de quando em quando
Sua dor; e, em si tornando,
Mais pesada sente a dor.

Não deita dos olhos água,
Que não quer que a dor se abrande
Amor, porque, em mágoa grande,
Seca as lágrimas a mágoa.
Despois que de seu amor
Soube novas perguntando,
De improviso a vi chorando.
Olhai que extremos de dor!


Esta composição poética parece quase uma continuação do poema ''Descalça vai para a fonte''. Nos dois poemas aparece uma rapariga chamada Leanor que está numa fonte. Neste poema Leanor está à espera do seu amado, mas este acaba por não aparecer. O último verso do poema tenta chamar à atenção do leitor para a dor que Leonor está a sentir. Camões usa sons nasais para mostrar a tristeza que Leonor sente. 
Esta composição poética é uma cantiga. 

Os bons vi sempre passar.

Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais m´espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
Assi que, só para mim
anda o mundo concertado.

Trova de tema amoroso que não é precedida nem de glosa nem de mote, constituída por uma única estrofe de redondilha maior, com oito a dezasseis versos, generalizada na Península Ibérica a partir do século XV e presente no Cancioneiro Geral.
Para Camões, o mundo é injusto. Para as pessoas que são boas, a vida é dificil. Para as pessoas más, a vida é fácil. O Poeta tenta alcançar o ''bem tão mal ordenado'' na esperança de a vida ser fácil, mas acaba por ser castigado. Assim, o Poeta, conclui que o mundo, só assim, anda concertado. Esta composição poética é uma esparsa. 

Descalça vai para a fonte.

Mote
Descalça vai para a fonte
Leanor pela verdura;
vai fermosa e não segura.

Voltas
Leva na cabeça o pote,
o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
sainho de chamalote;
traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
cabelos d'ouro o trançado;
fita de cor d'encarnado; 
tão linda que o mundo espanta;
chove nela graça tanta
que dá graça à fermosura; 
vai fermosa, e não segura.

Esta composição poética é um vilancente. É aqui que o sujeito poético faz a descrição da figura feminina a que dá o nome de Leanor. Diz que ela tem a pele branca (''mais branca que a neve pura''), também diz que para além de ser formosa que também é insegura( ''vai fermosa e não segura''). É no mote que se apresenta o tema da composição poética, que como já disse é a descrição da figura feminina.