- A Crónica de D.Pedro I situa-se entre os anos de 1357 a 1367(período que corresponde ao reinado deste monarca).
- A Crónica de D. Fernando ocupa os anos de 1367 a 1383, e corresponde á historia do reinado deste monarca, especialmente das chamadas "guerras fernandinas".
- A 1º parte da Crónica de D. João I. Situa-se no curto período de cerca de dezasseis meses que vai do assassinado do Conde Andeiro, em dezembro de 1383, a aclamação do Mestre de Avis como rei de Portugal, nas cortes de Coimbra, em abril de 1385.
- A 2º parte da Crónica de D. João I. Transporta-nos de abril de 1385 até 31 de outubro de 1411 (há apenas, na fase final, referencia a alguns episódios posteriores a esta data) e corresponde portanto à historia do conflito entre Portugal e Castela, desde as cortes de Coimbra até á assinatura do tratado de paz.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
A obra literária de Fernão Lopes.
A obra de Fernão Lopes é composta pelas Crónicas de D.Pedro I, de D. Fernando e de D.João I ( composta pela 1º e 2º parte).
A vida e obra de Fernão Lopes.
Era oriundo de família vilã. Era guarda-mor das escrituras da Torre do Tombo. Foi designado por D. Duarte para ser cronista do reino, a partir de 1419. Escreveu as Crónicas de D. Pedro I, D. Fernando e de D. João I. Talvez o que chegou até nós sob a forma de rascunho são crónicas dos reis anteriores. Foi escrivão dos de D. João I e de D. Duarte, secretário do infante D. Fernando.
Fernão Lopes, de modo nenhum desprezando o passado, introduz na nossa literatura uma escrita inovadora, fortemente audaz e metafórica, a um tempo, de nos fazer acreditar na movimentação cinematográfica de multidões em transe de modificar os destinos de um país ameaçado e de nos pintar de uma minúcia reveladora.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
O Livro de Linhagens do Conde D.Pedro.
Este nobiliário agiganta-se no panorama da prosa portuguesa de trezentos: para lá do seu carácter universal, ela é a primeira obra original da historiografia portuguesa( ocupa-se dos primeiros reis de Portugal até D. Afonso IV). Reveste-se uma preocupação social.
Os atos de bravura, a fidelidade à palavra dada, as traições de que se ocupa, as pequenas histórias que conta, os traços pitorescos e anedóticos que refere, a explicação de alcunhas, graciosas umas, ridicularizadas outras, a casamentos, a raptos, a adultérios,a violações, revelam abruptamente as pessoas neles envolvidos.
As narrativas da batalha do Salado e do Rei Ramiro são as mais importantes. Envocaram a "estória" que a tradição oral transmitia, afastando-se dela, do possível cantar de gesta que estaria na sua origem, atualiza-se uma narrativa sentimental.
A narrativa da Batalha do Salado encontra-se incompleta no Cancioneiro da Ajuda. Apresenta valores da cavalaria( espírito religioso, honra, prez e bondade).
Os Livros de Linhagens na Idade Média Portuguesa.
Os livros de linhagens ou nobiliários foram na Idade Média, considerados de grande relevância do ponto de vista social. Sentia-se uma necessidade de escrever as genealogias dos senhores, das grandes famílias, para que por elas se conhecessem os ascendentes, porque só conhecendo se evitariam os casamentos incestuosos, podendo-se viver, assim fora de pecado.
Elucidavam também sobre os mosteiros de que os senhores eram fundadores e dos benefícios a receberem provenientes dessas fundações.
Há livros de linhagens que extrapolam a simples genealogia, ganhando, assim, uma nova dimensão. O "Livro Velho", "O Livro do Deão" e o "Livro de Linhagens do Conde D. Pedro" são os mais importantes.
O primeiro foi escrito nos finais do século XIII, perdeu-se e está representado por um manuscrito do século XVII.
O segundo foi escrito em 1343, a pedido de um deão para os fidalgos ficarem a conhecer as suas famílias.
O "Livro de Linhagens do Conde D. Pedro" foi escrito em 1340 a 1344. A obra afasta-se das típicas genealogias pois ultrapassa as fronteiras do reino.
Características da sátira trovadoresca.
A sátira do período trovadoresco reveste-se das seguintes características:
- É concreta e particular. Na verdade, são muito raras as cantigas que visam defeitos de carácter geral e de um modo abstracto, como a mentira, a luxuria, a inceceridade, avareza. Não atacam o vicio em si, atacam pessoas particulares que se revelam mentirosas, cobardes, sensuais ou avarentas.
- É fundamentalmente de carácter social. Como mais tarde fará Gil Vicente, os trovadores satirizavam tipos sociais. Assim, vemo-las criticar: membros do clero com comportamentos pouco edificados; nobres cobardes e empobrecidos; os vários ofícios(jograis); os vilões.
- É, em parte, muito obscena. Encontramos em muitas composições satíricas com obscenidades de realismo cru.
Variedade da sátira trovadoresca.
Consoante a temática ou a forma, as cantigas sátiras e trovadorescas recebem os seguintes nomes:
- Joguete de arteiro: composição de escárnio propriamente dita.
- Risadilha: composição provocadora de riso, mas pouco elegante quase obscena.
- Cantiga de seguir: composição parodiada de outra poesia da qual adota a música e a rima.
- Tenção: composição dialogada entre dois trovadores que se contradizem.
Cantigas de escárnio e maldizer.
A poesia satírica galego-portuguesa, constituída por cantigas autóctones e pela adaptação do serventes, oferece-nos um precioso testemunho sobre a idade média portuguesa e peninsular, na medida em que documenta os seus costumes, sem a idealização da cantiga de amor.
- As cantigas de maldizer. São aquelas em que os trovadores criticam os costumes. Estas cantigas apresentam uma intenção moralizadora e aproxima-se do serventes moral. Utiliza uma linguagem obscena.
- As cantigas de escárnio. São aquelas que os trovadores usam para dizer mal de alguém. Não se chega a dizer o nome da pessoa. Usam-se trocadilhos e jogos semânticos e recursos retóricos.
Variedade das cantigas de amor
- Canções de mestria.
- Dobre: consiste na repetição da mesma palavra em lugares simétricos da estrofe.
- Mozdobre: como a dobre, é a repetição da mesma palavra em sitio simétrico da estrofe, jogando com as suas flexões.
- Atafinda: é uma espécie de encavalgamento entre os versos ou estrofes. Consiste na ligação do período ou da oração que termina no meio do verso ou da estrofe seguinte.
- Finda: é uma espécie de conclusão tem dois ou três versos que resume a cantiga.
- Verso perdudo: é um verso introduzido no meio da estrofe, sem correspondência rimática.
3. Prantos: são lamentações pela morte de alguém ou então desabafos.
4. Desabafos: eram composições multilingues dos quais se exprimiam os conflitos de amor.
5. Cantigas de refrão: são canções de amor onde aparece o refrão, típico das cantigas de amigo.
Cantigas de amor.
O lirismo provençal foi certamente conhecido na Península Ibérica bastante cedo. A poesia autóctone e a poesia de imitação provençal são, pois, simultaneamente cultivadas nas cortes da península e mutuamente se influenciam. No entanto, algo as distingue e as torna inconfundíveis: nas cantigas de amor é o homem que se dirige à amada ("senhor") a confessar os seus sentimentos, pelo contrario, nas cantigas de amigo, é uma rapariga que recorda o amigo ausente, tornando como confidente a mãe, as amigas e a Natureza.
A cantiga de amor exprime a "coita de amor" (paixão infeliz, amor não correspondido que se torna obsessão), repete-se em tom de queixa ou de suplica.
O código de amor cortes.
O trovador serve a sua "senhor" com diligência e fidelidade. O amor português ganha em emoção e sinceridade. O amor não podia falar uma linguagem desordenada, impetuosa, tinha de se conter em certos limites de razoável moderação(mesura). A mesura é a virtude suprema do amador. A outra obrigação que o perfeito amador tinha era: a mais absoluta discrição que lhe vedava, sobretudo, divulgar o nome da amada. O rasgo mais característico do amor português é a coita de amor, que faz enlouquecer e morrer o pobre namorado. A norma era, ao fim de uma vida voltada a um amor infeliz, não compartilhado, morrer nas cantigas.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Cantigas de amigo.
O emissor é uma rapariga apaixonada que tomando como confidente a mãe, as amigas e a Natureza,exprime o seu drama sentimental, devida á ausência do amigo ou namorado. As cantigas de amigo ou "cantigas de mulher" testemunham a existência de um lirismo autóctone e popular. Resultando do aproveitamento estético da tradição galego-portuguesa, a cantiga de amigo de molde popular obedece a uma estrutura estrófica e rítmica que lhe imprime musicalidade: é a paralelística perfeita.Quem escreve a cantiga é o trovador que se faz passar por uma rapariga apaixonada.
Paralelismo:
Non chegou, madre, o meu amigo,
e hoj'ést'o prazo saído!
ai, madre, moiro d'amor!
Non chegou, madre o meu amado
e hoj'ést'o prazo passado!
ai, madre, moiro d'amor!
E hoj'ést'o prazo saído!
Por que mentiu o desmentido?
ai, madre, moiro d'amor!
E hoj'ést'o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
ai, madre, moiro d'amor!
Por que mentiu o desmentido
pesa-mi, pois per si é falido.
ai, madre, moiro d'amor!
Por que mentiu o perjurado
pesa-mi, pois mentiu a seu grado.
ai, madre, moiro d'amor.
e hoj'ést'o prazo saído!
ai, madre, moiro d'amor!
Non chegou, madre o meu amado
e hoj'ést'o prazo passado!
ai, madre, moiro d'amor!
E hoj'ést'o prazo saído!
Por que mentiu o desmentido?
ai, madre, moiro d'amor!
E hoj'ést'o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
ai, madre, moiro d'amor!
Por que mentiu o desmentido
pesa-mi, pois per si é falido.
ai, madre, moiro d'amor!
Por que mentiu o perjurado
pesa-mi, pois mentiu a seu grado.
ai, madre, moiro d'amor.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
O que é um portefólio?
Um portefólio deverá constituir "uma colecção significativa dos trabalhos do seu autor que ilustram os seus esforços, os seus progressos e as suas realizações"
in CARDOSO, Elsa e SILVA, Pedro, Viagens, Literatura Portuguesa, 10º ano, Porto, Porto Editora, p.27
in CARDOSO, Elsa e SILVA, Pedro, Viagens, Literatura Portuguesa, 10º ano, Porto, Porto Editora, p.27
Cântico Negro
José Régio. |
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'
Retirado de: http://www.citador.pt/poemas/cantico-negro-jose-regio
Apresentação.
Olá, o meu nome é Joana e sou aluna de Humanidades. Escolhi Humanidades por dois motivos: porque gosto de escrever e porque gosto de ler. Na disciplina de Literatura foi-nos proposta a criação de um portefólio onde vai estar uma compilação dos meus trabalhos.
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